Mauro de Salles Villar fala sobre o Acordo Ortográfico
"O português era a única língua escrita de duas maneiras"
Mauro de Salles Villar faz parte da história da Língua Portuguesa. Co-autor do Dicionário Houaiss e diretor do Instituto Antônio Houaiss, acompanhou todos os detalhes da última reforma que deu origem ao Acordo Ortográfico assinado pelas nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Atualmente, vivendo no Rio de Janeiro, prepara a edição completa e revisada do dicionário com as mudanças. Apesar das polêmicas, durante a entrevista o estudioso afirmou que essas transformações são importantes para os países lusófonos.
O senhor concorda com as mudanças?
Villar – Nós tínhamos a única língua no ocidente que possuía duas formas oficiais de ser escrita. Não existe outra ocidental com essa característica. O árabe, por exemplo, é falado em 21 países de maneira diferente. Mas todos eles escrevem do mesmo modo. A ortografia é uma convenção que pode ser simplificada ou complicada. Muitas foram simplificadas no século XIX. Nós fizemos isso no Terceiro Milênio.
Qual a vantagem do acordo?
Villar - A variedade do português do Brasil e de Portugal é muito aproximada. Não temos razão em ter duas formas oficiais de grafar a língua. Removemos quase 100 anos de imobilidade em direção a uma solução.
O Acordo Ortográfico pode ajudar na alfabetização?
Villar – Claro. Simplificar é sempre valioso para a aprendizagem de uma língua. Os problemas acontecem em outras áreas, especialmente, no caso do hífen. O Acordo Ortográfico exclui o hífen de palavras que possuem elemento de ligação como “pé-de-moleque”. A maioria não terá mais o sinal. Porém, há determinadas palavras, tradicionalmente grafadas dessa maneira, que continuaram com o hífen como “cor-de-rosa”. Lexicógrafos portugueses e brasileiros concluíram como agir nesses casos.
ENTREVISTA FEITA PELO SITE IG POR Isis Nóbile Diniz