terça-feira, 2 de junho de 2009

CO-AUTOR DE DICIONÁRIO FALA SOBRE ACORDO


Mauro de Salles Villar fala sobre o Acordo Ortográfico

"O português era a única língua escrita de duas maneiras"


Mauro de Salles Villar faz parte da história da Língua Portuguesa. Co-autor do Dicionário Houaiss e diretor do Instituto Antônio Houaiss, acompanhou todos os detalhes da última reforma que deu origem ao Acordo Ortográfico assinado pelas nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Atualmente, vivendo no Rio de Janeiro, prepara a edição completa e revisada do dicionário com as mudanças. Apesar das polêmicas, durante a entrevista o estudioso afirmou que essas transformações são importantes para os países lusófonos.


O senhor concorda com as mudanças?

Villar – Nós tínhamos a única língua no ocidente que possuía duas formas oficiais de ser escrita. Não existe outra ocidental com essa característica. O árabe, por exemplo, é falado em 21 países de maneira diferente. Mas todos eles escrevem do mesmo modo. A ortografia é uma convenção que pode ser simplificada ou complicada. Muitas foram simplificadas no século XIX. Nós fizemos isso no Terceiro Milênio.


Qual a vantagem do acordo?

Villar - A variedade do português do Brasil e de Portugal é muito aproximada. Não temos razão em ter duas formas oficiais de grafar a língua. Removemos quase 100 anos de imobilidade em direção a uma solução.


O Acordo Ortográfico pode ajudar na alfabetização?

Villar – Claro. Simplificar é sempre valioso para a aprendizagem de uma língua. Os problemas acontecem em outras áreas, especialmente, no caso do hífen. O Acordo Ortográfico exclui o hífen de palavras que possuem elemento de ligação como “pé-de-moleque”. A maioria não terá mais o sinal. Porém, há determinadas palavras, tradicionalmente grafadas dessa maneira, que continuaram com o hífen como “cor-de-rosa”. Lexicógrafos portugueses e brasileiros concluíram como agir nesses casos.


ENTREVISTA FEITA PELO SITE IG POR Isis Nóbile Diniz

PROFISSIONAIS TERÃO QUE SE ADAPTAR


Profissionais terão que se adaptar às novas regras

Como professores, jornalistas, revisores, escritores e outros profissionais estão se preparando para as mudanças?



Todas as escolas, meios de comunicação e documentos deverão obedecer às novas regras estabalecidas pelo acordo ortográfico a partir de janeiro.

Mas será que escritores, professores de português e profissionais da área de comunicação terão dificuldades com o tema? Confira o que eles pensam sobre a adaptação.


Vera Melo Reis, professora de português do ensino fundamental do Colégio Ítaca

“Apenas folheei o acordo. As mudanças são muito pequenas e pouco significativas. Os alunos, para quais leciono, terão facilidade em aprender. Na sala de aula a rotina não irá mudar, apenas irei estudar antes o tema para levar a nova grafia para a classe. Nessa faixa etária, do 8º e 9º ano, eles não gostam de acentuar, por isso a retirada dos acentos facilita o aprendizado. Um dado importante é que acordo aproxima os países de língua portuguesa. Para os alunos, será mais fácil ler os livros editados em Portugal e nos demais países que usam a mesma língua. Alguns tinham dificuldades em entender os outros portugueses. Será mais complexo para nós, profissionais, que estamos muito acostumados a escrever.”


Santiago Nazarian, escritor especializado em romances

“Na verdade, a questão da revisão apurada do texto é padronização da editora. Ela pode optar por atualizar ou não. Para mim, as questões do Acordo não fazem muita diferença. Autores de ficção têm suas particularidades na escrita, ainda que elas não sejam absolutamente corretas do ponto de vista ortográfico. Eu, por exemplo, opto por grafar 'cd' ao invés de CD e 'email' no lugar de 'e-mail'. É normal também autores de literatura criarem palavras. Recentemente, coloquei 'javalizar' no meu texto - que significa tornar selvagem um indivíduo outrora bonachão. Autores e revisores devem chegar a um consenso sobre o que pode ser mudado e o que deve permanecer 'errado' a serviço do texto. Como o Acordo não possui muitas mudanças, acredito se incorporarão naturalmente na minha escrita, com o tempo. Continuarei a não comer linguiça, com trema ou sem trema, mas temo que sem trema ela possa entalar na minha garganta.”



Thiago Ribeiro, proprietário do site Brasil Escola

“Ainda não colocamos o Acordo na prática, estamos estudando o tema. Como somos um site educacional, seguimos o regulamentado. Por enquanto, duas profissionais deverão treinar os demais para se adaptarem a nova norma. Mas possuímos mais de seis mil textos no banco de dados que deverão ser revisados seguindo o Acordo. Isso levará um certo tempo para ser feito. Analiso a possibilidade de contratar mais pessoas para facilitar o trabalho. Depois de revisado, acredito que os pais e os educadores deverão se importar com as mudanças. Os demais nem perceberão.”


E VOCÊ JÁ ESTÁ SE ADAPTANDO?


DECRETO ASSINADO!


Lula assina decreto para vigência do Acordo Ortográfico


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda-feira, em sessão solene na Academia Brasileira de Letras, o decreto que estabelece o cronograma para a vigência do Acordo Ortográfico entre os países de Língua Portuguesa e orienta a sua adoção. O iG já adota, desde 7 de setembro, as normas instituídas na reforma ortográfica nos textos produzidos por sua redação. A antecipação é uma forma de demonstrar o apoio do portal às novas regras e colaborar para que os brasileiros se ambientem com o novo estilo de escrever.
O acordo entrará em vigor a partir de janeiro de 2009, mas a normal atual e a prevista poderão ser usadas e aceitas oficialmente até dezembro de 2012.
A reforma ortográfica foi aprovada em dezembro de 1990 por representantes de sete países que falam Português – Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Em 2004, o Timor-Leste aderiu ao projeto dois anos após obter sua independência da Indonésia.
Para entrar em vigor, o acordo precisava da ratificação de no mínimo três países, o que foi conseguido em 2006 com Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, enquanto o Parlamento de Portugal aprovou em maio deste ano.
Segundo o Ministério da Educação, o acordo ampliará a cooperação internacional entre os oito países ao estabelecer uma grafia oficial única do idioma. A medida também deve facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre as nações e a divulgação mais abrangente da língua e da literatura.
MudançasA reforma ortográfica estabelece 21 bases de mudanças na Língua Portuguesa. Entre as novas regras estão o retorno das letras K, W e Y ao alfabeto e a supressão definitiva do trema e dos acentos agudos de palavras paroxítonas cujas sílabas tônicas sejam éi e oi (como em jibóia, Coréia, jóia, que viram jiboia, Coreia e jóia).
O acento diferencial de palavras como pólo e pára (que viram polo e para) e as regras de hifenização (anti-semita vira antissemita) também sofrerão mudanças – mas, como toda regra ortográfica, sempre acompanhada de exceções.


VOCÊ SABIA


Alguns professores já usam livros didáticos com as novas regras para que os alunos se acostumem aos poucos e estejam ambientados com as mesmas. Há, ainda, dicionários disponíveis com a nova grafia, como o famoso Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) de autoria da própria Academia Brasileira de Letras.


Não precisa se preocupar, pois o novo acordo ortográfico passa a vigorar somente a partir de janeiro de 2012. Até lá, a velha e nova ortografia estarão convivendo, a fim de que haja uma transição tranquila.


Portanto, será um pouco complicado vestibulares e concursos de modo geral cobrarem as novas regras e punirem com diminuição de pontos os que não as seguirem. Afinal, o jeito antigo de se escrever algumas palavras e o novo estarão sendo aceitos até que o prazo se finde.


Portanto, não há motivos para ficar apreensivo com o novo acordo, pois terás tempo e meios de se adaptar, material para embasamento teórico e contatos como o BLOG para o manter informado e tirar suas possíveis dúvidas!

ACENTO DIFERENCIAL


O ACENTO DIFERENCIAL


Como o próprio nome já diz, o acento diferencial faz a distinção entre palavras que têm a mesma grafia. Com a reforma ortográfica, este acento caiu em alguns pares, como:

para (á) (do verbo parar) e para (preposição); pela (é) (do verbo pelar) e pela (proposição); pelo (ê) (substantivo) e pelo (preposição), etc.
Assim, os pares acima ficam sem acento e são distinguidos apenas pelo contexto, como em:
Ela para na hora de fazer comida! (verbo)
Ele pegou comida para ela! (preposição)
O pelo desse cachorro está crescendo muito rápido! (substantivo)
Não era nada, pelo que entendi! (preposição)
Observação: O acento diferencial do par pôde/ pode prevalece. Dessa forma, pôde (pretérito perfeito do indicativo da 3ª pessoa do singular) é acentuado com circunflexo e pode (presente do indicativo da 3ª pessoa do singular) não. Isso aconteceu para que o tempo verbal de “poder” possa ser identificado em uma oração. Fique atento: a pronúncia não mudou, apenas a acentuação. Portanto, as vogais que eram pronunciadas fechadas (pêlo de animal = pelo) e as abertas (pára com isso = para) continuam da mesma forma!

PRONÚNCIA


A PRONÚNCIA CORRETA


Há certos verbos que se diferenciam no acento:


os terminados em guar, quar ou quir. Dependendo da conjugação que estes se encontram, a tonicidade altera e, consequentemente, a pronúncia. Assim, quando a e i forem tônicas, ou seja, pronunciadas com mais força na palavra, deverão ser acentuadas graficamente:

averíguo, averígua, averíguam, averíguem; enxáguo, enxágua, enxágues, enxáguem; delínquo, delínquem, delínqua, delínquam.


No entanto, se for o u a ser pronunciado com maior intensidade, ou seja, se for tônico, não será mais acentuado de forma gráfica, apenas foneticamente: averiguo, averigua, averiguam, averiguem; enxaguo, enxagua, enxague, enxaguem; delinquo, delinquem, delinqua, delinquam.


Fique atento: o acento agudo foi retirado da vogal u dos verbos aguir e redarguir e em nenhuma forma é mais utilizado: arguo, arguis, argui, arguem; argua arguas, argua, arguam.

HÍFEN


HÍFEN PARTE 2


Agora vejamos os casos em que o hífen não é utilizado:


1. Quando o prefixo termina em vogal diferente da do segundo elemento: aeroespacial, coautor, coedição, infraestrutura, autoescola, autoaprendizagem, extraescolar, agroindustrial, semianalfabeto, etc. Observação: Lembre-se que o prefixo co-, no geral, se une ao segundo elemento, mesmo quando este último se inicia com a mesma vogal, como em: coordenar, cooperar, coobrigação, coocupante, cooperação, etc.


2. Nas formações em que o prefixo termina em vogal e o segundo termo começa com r ou s. Neste caso, ao invés do hífen, dobra-se a consoante: minissaia, infrassom, microssistema, contrarregra, contrassenso, ultrasson, antirreligioso, neorrealismo, etc.


3. Nas demais formações em que o prefixo termina em vogal e o vocábulo seguinte se inicia por consoante diferente de r ou s: antipedagógico, autopeça, seminovo, microcomputador, coprodução, geopolítica, etc.


4. Nos prefixos super, hiper, inter quando o segundo elemento começar com consoante diferente de r ou por vogal: hipermercado, superinteressante, interamericano, interestadual, hiperativo, superamigo, etc.


5. Em palavras compostas que não sofreram processos de composição e se aplicadas de certa forma na língua: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.
ASSIM FICA FINALIZADA AS NOVAS REGRAS DO HÍFEN... MAS NOSSA CAMINHADA PELO ACORDO ORTOGRÁFICO NÃO PARA POR AQUI... NOS VEMOS EM BREVE...